quarta-feira, 31 de julho de 2013

Mais e mais



Eles se amaram na rede.
Não a de espreguiçar nem a de pescar.
Se amaram com palavras...
Se doparam e se possuíram...
Se amalgamaram...

Ele dizia na sua euforia:
tá gostoso, branquinha? tá? então me fala que tá gostoso...’

Ela se sentia confusa por amá-lo tanto não amando...
Ele tinha a paz da inconsciência

Mas se amaram... loucamente...

Ela fazia exigências
Ele só queria protegê-la...

Não podia amá-la
Não podia deixá-la
Não podia deixar de amá-la...

Recitou Buarque:
Branca, branca, branca, eu dizia, bela, bela, bela, era pobre o meu vocabulário.’

Depois de muito amor, recitou

Ela ia pedir perdão caso o amasse...
Ele era terno
Ela meiga demais para não se apaixonar

Eram tempos difíceis para o amor
Mas eles se amaram...

E na volúpia desse amor
se selaram...

Ela o chamava de pretinho

Ele não resistiu a sua brancura
de manhã raiada
Aos seus cabelos longos
castanhos
Seus olhos amorosos
suplicantes...
penetrantes...

Se amaram...
e nada mais podiam fazer...
Se não se amarem mais...
E mais...


Pintura: Steinbach

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